O estilo de vida minimalista traz uma interessante premissa: ter em nossa vida apenas os objetos necessários para uma vida plena e olhar para os prazeres que o consumo exagerado não consegue comprar.
É um argumento muito forte e a nossa tendência é de automaticamente concordar com ele. Quem em dita “sã consciência” não acredita, nesse nosso mundo atual, que o consumo desenfreado está destruindo não só a nossa vida individual, mas também o planeta? Que é uma das causas de tamanha desigualdade social?
O estilo minimalista pode atuar de maneira positiva na saúde mental, nos fazendo ficar atentos ao que é de fato mais essencial na nossa vida. Dessa maneira deixamos de gastar tempo e atenção (nossas principais energias!) com o que não nos é essencial.
Mas, como tudo na vida, devemos evitar os extremos.
O que é essencial para nós hoje pode mudar amanhã, e então trocamos. E depois de amanhã trocamos de novo. Faz parte.
Mas depois de anos e anos, sentados em uma casa e gavetas vazias, com apenas as pessoas mais essenciais ao nosso lado, será que ainda vamos nos reconhecer?
Se não tiver aquele ímã de viagem na sua geladeira será que vamos lembrar daqueles dias gostosos no futuro? Sem aquele suéter dado pela sua avó será que você vai se lembrar da sua avó todo dia que abrir o guarda-roupas? Sem aquela estátua de anjinho no móvel da sua sala você vai se lembrar todo dia do carinho que recebia na sua infância?
Esquecemos facilmente das coisas. Se não tiver elementos externos para nos lembrar, podemos nos esquecer até de lembrar das pessoas, de onde viemos, da nossa história.
O estilo de vida minimalista é muito interessante, mas temos que ter certo cuidado para não jogarmos fora também a nossa vida quando formos limpar o quarto.
Amei o texto… sou apegada aos meus objetos de viagem. Acho que é uma tentativa de perpetuar aquela experiência e a deliciosa sensação de liberdade que ela proporciona.