Se você nunca teve uma consulta psiquiátrica é natural se questionar sobre o que vai acontecer na sua primeira consulta – e até mesmo sentir um pouco de ansiedade.
Mas lembre-se: o atendimento psiquiátrico é para te ajudar. O melhor que você pode fazer é responder tudo com sinceridade. O que souber responder, responda. O que não souber responder não responda; o psiquiatra avalia não só a sua resposta, mas também o jeito que você fala e gesticula, então mesmo o seu silêncio também fala.

Vou trazer aqui as principais perguntas que um psiquiatra vai te fazer, para você já ir se acostumando com a ideia.

1. Em que posso te ajudar?
Uma pergunta simples e aberta para começar a conversa. Você já pode começar trazendo, do jeito que quiser, o motivo principal de você estar procurando o atendimento psiquiátrico naquele momento da sua vida. Posteriormente vai ser investigada também alguns sinais ou sintomas de sofrimento mental durante toda a sua história, mas falar da sua principal dor no atual momento é um começo ideal.

2. Há quanto tempo se sente assim?
Uma pergunta simples e direta e que tem uma grande importância. A questão do tempo é muito importante para os sintomas: a partir da resposta conseguimos avaliar questões estruturais de personalidade e questões mais reativas a algum fator estressor. Existem sofrimentos típicos que surgem em períodos na infância, na adolescência, no início da vida adulta, relacionamentos, e a reação da pessoa a esses tipos de sofrimento falam muito sobre como a pessoa enfrenta a vida e o estresse.

3. O que você já tentou fazer para melhorar?
Existem muitas maneiras de conseguirmos aliviar o sofrimento. O nosso cérebro é complexo e extremamente maleável, mas nem todos os tipos de tratamento servem para a gente, ou nem sempre estamos verdadeiramente abertos para eles em algum período da nossa vida. Para o psiquiatra é importante saber o que você já tentou, por quanto tempo, e por que não deu tão certo – isso vai ajudar a desenhar um plano de tratamento que faça mais sentido para você naquele momento.

4. Você tem algum problema de saúde já conhecido?
O nosso corpo funciona de maneira muito integrada à nossa mente. São indivisíveis. Algumas doenças, hábitos alimentares ou irregularidades no funcionamento do corpo podem afetar o nosso funcionamento psíquico de maneira muito intensa – e às vezes o único sintoma que sentimos é justamente o sofrimento psíquico. Uma investigação mais profunda é geralmente necessária, frequentemente com exames laboratoriais ou até de imagem. Temos que tratar a coisa certa.

5. Tem alguém da sua família com algum histórico de transtorno psiquiátrico?
Já está bem estabelecido cientificamente que a genética é um fator importante para o sofrimento psíquico – tanto os transtornos mentais quanto características de personalidade. Conhecer um pouco sobre o histórico de saúde da sua família pode ajudar o psiquiatra a pensar no seu histórico atual.

Essas são algumas das principais questões que o psiquiatra vai te perguntar e geralmente logo na primeira consulta. Outros temas também muito importantes devem ser abordados – como hábitos de vida, alimentação, padrão de sono, rotina, atividades físicas, relação com pessoas e trabalho, e assim vai. A psiquiatria tem um roteiro básico de investigação diagnóstica – a chamada anamnese – mas cada psiquiatra aborda isso do seu próprio jeito, de acordo com a sua experiência, e de acordo com o andar da conversa com o paciente à sua frente.

A relação entre o paciente e o psiquiatra é muito importante. Se você não se sente à vontade com o psiquiatra, então procure outra referência. Isso é perfeitamente normal, os psiquiatras entendem. Nem todo psiquiatra ou terapeuta se encaixam bem com todo paciente, isso faz parte, e é importante que você encontre um profissional com quem se sinta confortável. Lembre-se que o objetivo é sempre te ajudar.

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